“Uma vez o filósofo brasileiro J. Chasin disse que “a conjunção entre o embrião maldito do capital incompletável e a insubstancialidade teórica e prática da Esquerda organizada é a determinação da miséria brasileira, determinação particularizadora, para o capital e capitalismo de extração colonial, da fórmula marxiana de miséria alemã”. Fruto de um vasto esforço de 10 anos do Blog Papo Sem Censura, de uma compreensão histórico-
genérica do desembocar da miséria brasileira, este livro anuncia uma narrativa do impeachment da presidenta Dilma no ano de 2016, e da crítica na qual ele se insere. O autor defende e ilustra, ao longo das páginas, a decadência da autocrítica da esquerda, principalmente, de sua ala trabalhista, representada pelo Partido dos Trabalhadores, no governo desde 2002, e a ascensão da Direita, sobretudo, após as chamadas Jornadas de Junho, em 2013, culminando no retrocesso das conquistas sociais, cujo projeto havia sido rejeitado no pleito eleitoral, em 2014. A marca da direita, isto é, da burguesia, para Karl Marx, pai do socialismo científico, ao lado de Friedrich Engels, sempre foi o bonapartismo. É sua própria religião; é seu ardil. Afinal, ela deixou seu papel revolucionário-iluminista há tempo. Desde o emblemático ano de 1848, a burguesia extermina a classe trabalhadora para se manter no poder, fomentando golpes que impedem a classe trabalhadora de complementar sua própria revolução, iniciada em 1789. Por definição, a burguesia é pseudo-democrática, em tempos de abundância econômica, e golpista e violenta, em tempos de crise, como denomina o filósofo húngaro István Mészàros, do sistema sociometabólico do capital. Neste sentido, é imprescindível a retomada prática e teórica de uma Esquerda organizada; e De Dilma ao Pós-Dilma é parte fundamental desse reajuste revolucionário.”
Professor André Alvarenga (doc em Memória Social pela Unirio)
