Desperdiçamos palavras em vão, gravadas na almofada, presas no coração.
Desperdiçamos a ternura das noites de verão, o sufoco do inverno quando o cinzento parece eterno. Foges sempre na madrugada que a noite é um ladrão. E é quando mais se aquece a cama, num jogo sem lençol, onde fica mais presa a alma, em cada canto de pele um anzol.
Queria uma folha em branco, um texto corrido, bem comprido, uma mão, não pedia nada mais que uma história não em vão. Saísse assim a azáfama de palavras descontroladas no vomitar das emoções perturbadas.
Queria mil e uma linhas mais, mas chegamos sempre aos tais pontos finais.