A escrita do Menino Tupé aconteceu no momento em que meus dois netos, manauaras, passam uma temporada em Portugal e atende ao resgate de memórias das sonoridades da fala, dos sabores e dos cheiros amazonenses. Ao mesmo tempo, chama atenção para o fato de que o pirarucu, maior peixe de água doce do Brasil – pode alcançar 200 kg –, corre risco de extinção. Urgente e se faz necessária a ampliação de políticas de manejo da caça ao pirarucu – assim mesmo, no Amazonas o pirarucu é caçado –, ou o planeta sofrerá a perda do peixe que, além de ser um dos mais versáteis da água doce, é importante para o equilíbrio ecológico da região.
Sua carne é deliciosa, fresca ou salgada – é o nosso bacalhau –, e com ela pode ser preparada uma infinidade de diferentes pratos da culinária amazônica. Suas escamas servem como lixas, seu couro pode ser utilizado no fabrico de utensílios e, mais importante, milhares de pessoas das populações ribeirinhas dependem dele para seu sustento. Sua captura é uma festa compartilhada por todos na comunidade, como a do Menino Tupé!
