Recebi os originais do livro da jovem escritora Christiana Ubach e o seu pedido de uma avaliação meticulosa – nossa amizade nos permite o que há de mais honesto entre o que desejamos e o que devemos tornar público.
Assaltou-me de imediato investigar de que forma uma autora tão sensível nos faria navegar os seus recursos de formação profissional, sob as intempéries e nuances da carreira diligente nas artes cênicas e seus estudos rigorosos da psicanálise. Zoologia, astrologia, elementos essenciais, amores, decepções, ansiedade, o que estaria por vir? Leitura fácil? Autoajuda? Dramaturgia?
Nada disso!
Quero nesse espaço generoso assegurar que o que temos aqui, em Zoológico de Fogo, são os transbordos, as baldeações da carga, às vezes pesada, às vezes frágil, de uma MULHER madura, feminina em sua essência, viril pela batalha na subsistência da fome animal de seus bichos, sutil em cada espasmo de gozo fácil. A leitura fluente me fez emperrar no fragmento que ora ressalto:
“A guerra que travei com o mundo todos esses anos termina aqui. Não tenho o que agradecer, pois se agradeço todas as fatalidades que me aconteceram, pode ser que eu esqueça de agradecer também as honras, ou as glórias.”
Boa leitura!
Alexei Waichenberg, Autor-roteirista e Dramaturgo
