João Desidério é um operário aposentado, homem modesto e despojado, que só deseja viver despretensiosamente o resto dos anos que lhe sobram, próximo da família e dos amigos. Mas percebe que ao seu redor o mundo vai ampliando todos os limites do livre-arbítrio e os homens vão avançando velozmente sobre os muros da virtude humana. Convencido de que o excesso de liberdade é um mal sem castigo, ele procura resgatar a imagem do inferno, não em sua caracterização metafísica, mas numa demonstração factual da conflagração de chamas concretas para que o horror do fogo seja compreendido como o estancamento dos desejos irrestritos que essa exagerada liberdade proporciona. Segundo ele, só podem viver no Paraíso aqueles que respeitam o Inferno.