Fragatas Não Pousam no Mar - Márcio Ribeiro Leite

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Sinopse

A praia era magnífica. Naquele instante estava coberta por uma colcha radiante de sol. De ondas calmas, voltada para o mar aberto, reluzia como jazida de diamantes à flor da terra. Uma brisa ondulante varria a ilha de norte a sul, afugentando um pouco o calor. Teve vontade de ficar sob o sol escaldante até fundir-se com a paisagem.

Armou o equipamento e caminhou até que a água cálida lambesse seus pés. O frescor o convidou a mergulhar de corpo inteiro. Esqueceu-se dos dias que não contava, dos compromissos que não tinha, permaneceu por tempo indefinido ao sabor das ondas. Podia ficar o tanto que quisesse, ninguém iria se importar ou reclamar sua ausência. Até morreria ali, tranquilo, sem comoção para ninguém. A natureza incumbir-se-ia dos despojos, ninguém ficaria sabendo. A noite, as marés, encobririam o fato. As estrelas brilhariam como de costume e nem mesmo as ondas alterariam o compasso. Sem dor, sem velório, sem choro. Sem qualquer das inutilidades criadas pelo homem. Imaginava poder abrir mão de todas as referências como ser humano, voltar a ser apenas um corriqueiro fenômeno da natureza. A vida humana não podia ser mais valiosa do que o nascer ou o pôr do sol, a chuva, a desova das tartarugas, um simples relâmpago. Mais do que o vento dobrando o impávido coqueiral? Mais do que o nascimento de uma estrela no firmamento? Não, a vida humana era um exercício banal diante dos inumeráveis acontecimentos que excitam o Universo. A pompa impressionável fica por conta dos humores humanos. O ego inflado e predador não pode ser criação divina. Por que os homens precisam ser mais que mera rotina nas tarefas de Deus?

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