De Borges, pegou a lua e o punhal rosado do homem da esquina. Com estes objetos, o sul-mato-grossense James J. Barbosa Flores foi escrevendo um panorama literário da fronteira onde o Brasil foi (e dizem alguns, ainda é) Paraguai. A fronteira já de há muito falada, mas poucas vezes escrita! Do autor, o professor Américo Calheiros já disse: “Perdemos o poeta Manoel de Barros; agora é sua ficção que há de contar o que fomos e ainda somos para o mundo inteiro..."
Punhal Enluarado reúne contos com o linguajar das gentes da fronteira.
São histórias da violência do ser e do fazer de peões, fazendeiros, mulheres,... Valentes, covardes, devotos, traídos, velhacos...
Narradores. Mestiços, sempre! - muito além das longitudes, latitudes e estilos. Um livro de páginas metálicas sob a luz do plenilúnio...
Pedaço do Brasil como nunca se leu.
O rio que passa pela
minha aldeia não é o
Tejo... É o Miranda,
o Mimoso, o Apa,
Perdido,...!
Quão longe ao cruzar
o mar foi Portugal?!
Reescrevendo Tratados
deu até cercar o
Pantanal.
Guardou nestas páginas
uma gente de terra, mato
e céu, que é o nosso
espelho de mundos!
(Fernando)
Bem no centro da
América do Sul este ano
é de cheia diluviana no
Pantanal; e no Mar de
Xaraiés, formando uma
jangada do tronco das
palmeiras que há por lá,
traz gentes proclamando:
Sou fronteiriço!
Sou fronteiriço!
Escreveram em faixas,
picharam nos muros,
bradaram em passeatas:
nomeou manifesto.
Não se sabe quando a
água há de baixar.
(José)