“– Voinha, qual lembrança mais antiga
Dos tempos doces de voss’infância
Guardas como se fosse uma cantiga
No coração d’infinita bonança?
– São rodinhas de dança a mais antiga
E de meus pais, a mais doce lembrança,
Pois de uma vozinha, não há quem diga
Que falta sinta feito criança.
– Conta Vovó, larga as contas do terço,
Foi Deus menino Jesus no berço.”
... E apenas ao tecer desfia a vida.
Já me conta que escrevia soneto,
Assim como eu que com afeto
Oferto este... À vozinha querida."
Este livro retribui em poesia a herança de valores deixada pelos nossos avós, tornando universal e atemporal a memória, simplicidade e afetuosidade daqueles que adoçaram nossa infância com tantos mimos. É impossível não se sentir retornando a um passado às vezes idílico, às vezes dorido. O locus da poesia de Durval é a do leito derradeiro do velho avô, a mesa à hora do café vespertino para receber a família, a calçada do lar a acolher a cadeira de balanço. Sua beleza saudosista nos leva ao abraço, ao colo, à zelosa atenção prestada pelos avós, à saudade que é sempre bem-vinda.
Sérgio Filho, professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do IFPB.