Mas o que é o Um Sol Para Cada Montanha afinal? Uma válvula de escape,
uma tábua de salvação, uma mensagem na garrafa, cartas de suicídio. Enfim: meu norte! Posso afirmar sem medo de errar que o 1SPCM salvou a minha pele. Todas as vezes que eu pensava em suicídio [e eu pensava nisso todos os dias] eu compunha versos. Canalizava a minha depressão e a minha agressividade no fazer poético.
Quando iniciei a composição dos poemas de 1SPCM não tinha muita noção do
que estava fazendo, não dominava a técnica [o que é uma faca de dois gumes, pois, quando se domina a técnica, o poeta corre o risco de perder aquela condição a que Oswald de Andrade se referiu como o olhar de uma criança que vê o mundo pela primeira vez]. A descoberta do fogo, a descoberta da roda. A inocência naïf. Eu escrevia por impulso, por pura intuição. Os melhores amigos do escritor são realmente a gaveta e a lixeira. E o Tempo!
