Creio que não mente a poesia que emana da própria vida.
Por isso, ela é dádiva como são dádivas os poemas todos
deste livro, quer para o próprio autor, quer para quem os
quiser ler, sentindo-os realmente. A voz de cada poema ora
coincide, ora não, com a do próprio autor. A poesia que escrevo
tem, pois, esta singularidade. Quando a voz da minha
poesia é a minha própria voz, é porque manifestei em verso,
em circunstâncias determinadas e precisas, muito do que é
humano na minha história. Todavia, a voz desta poesia nem
sempre é a expressão humana e transcendente da minha vida.
É, não poucas vezes, o canto da mundividência que tenho em
relação ao outro: ao próximo, conhecido ou desconhecido. O
canto daquilo que testemunho e observo no lugar da existência
que nos for comum. O canto também da missão que me
parece clara de cumprir nos meus dias.