Este livro é sobre sentimentos. Nele encontrará a minha luta diária de mãe defilhada ao ter-me sido imposta a morte do meu filho Pedro. Fala sobre a morte, o luto, a depressão e o suicídio. Fala sobre o amor e a esperança de que não caminho, sozinha. É um diálogo que mantenho com o meu filho, mesmo após a sua partida, ao ter desistido de viver. É um diálogo que manterei consigo, que me irá ler com o coração e onde poderá encontrar a força para continuar a lutar. O meu livro fala sobre a dor, a perda, mas também, da superação perante a morte e perante a vida. Deixo-vos neste livro, uma história real com lágrimas de sangue derramadas diretamente do meu coração e gravadas na minha alma. Lembrem-se sempre que por trás de um olhar, encontra-se uma história de vida, uma tristeza mantida por trás das cortinas do sofrimento. Um olhar, diz o que a boca não consegue explicar. Um olhar, diz tudo o que o coração não consegue expressar. Embora o meu olhar não seja mais o mesmo de outrora, eu permaneço fiel ao meu lema que partilho convosco.
“Fixo o meu olhar naquilo que me fortalece, na vida que renasce, a cada novo dia que me é agraciado.”
Não deixem de lutar. Procurem o amor dentro de vós e agarrem-se à vida como forma de homenagearem os vossos filhos perante o vosso modo de caminhar. Os vossos filhos permanecerão vivos enquanto vocês os recordarem e aplicarem o amor em tudo o que vos rodeia. Espero que de alguma forma vos ajude a encararem o vosso processo de luto, bem como o da depressão, com um olhar bem mais vasto do que anteriormente. Não vos posso dizer que será um caminho fácil, porque isso depende de vós, da vossa forma de pensar, da vossa maneira de encarar a vida, a dor, a saudade e principalmente da vossa capacidade de se amarem. Com esta forma de encarar o luto, a depressão e o suicídio, encontrei o caminho do amor numa só palavra... “Saudade” e com ela resolvi abraçar a vida e tudo o que ainda me resta viver. Este livro não é meu. É nosso! É de todos os que precisam. É um livro que servirá também de esclarecimento para todas as pessoas que nunca passaram por uma perda desta magnitude, e que por isso continuam exigindo forças que, a todos estes pais defilhados lhes falta, num simples acordar e levantar da cama. Espero e desejo que depois da leitura do mesmo, consiga respeitar, compreender, apoiar e ouvir com o vosso coração o grito que cada um deles lança bem no interior das suas almas.
Com carinho,
A mãe do meu filho tem asas.
