Passaram anos, como passam cavalos galopando ao longe, para além do deserto, para além do horizonte.
Lá muito ao fundo, além dos montes, desciam sorrisos, como sóis cansados regressando à noite...
Havia estrelas sem luz e mulheres sem sombra, fontes estéreis e cavaleiros parados como estátuas equestres, em catedrais de mundos que um dia hão-de ser.
Passaram anos, como passam barcos acesos contra o céu em chamas, desenhados no mar pela mão de uma criança. Barcos que passam, um a um, a linha do horizonte, levando cada um as nossas oferendas aos deuses que dormem, eternamente, nas tabernas submersas da Atlântida apodrecida no seu sudário de algas...